"Espantalho crucificado"
Serigrafia
39x49 cm
450,00 €
Serigrafia
39x49 cm
450,00 €
O
Maestro Sacode a Batuta
O
maestro sacode a batuta,
A
lânguida e triste a música rompe ...
Lembra-me
a minha infância, aquele dia
Em
que eu brincava ao pé dum muro de quintal
Atirando-lhe
com, uma bola que tinha dum lado
O
deslizar dum cão verde, e do outro lado
Um
cavalo azul a correr com um jockey amarelo ...
Prossegue
a música, e eis na minha infância
De
repente entre mim e o maestro, muro branco,
Vai
e vem a bola, ora um cão verde,
Ora
um cavalo azul com um jockey amarelo...
Todo
o teatro é o meu quintal, a minha infância
Está
em todos os lugares e a bola vem a tocar música,
Uma
música triste e vaga que passeia no meu quintal
Vestida
de cão verde tornando-se jockey amarelo...
(Tão
rápida gira a bola entre mim e os músicos...)
Atiro-a
de encontra à minha infância e ela
Atravessa
o teatro todo que está aos meus pés
A
brincar com um jockey amarelo e um cão verde
E
um cavalo azul que aparece por cima do muro
Do
meu quintal... E a música atira com bolas
À
minha infância... E o muro do quintal é feito de gestos
De
batuta e rotações confusas de cães verdes
E
cavalos azuis e jockeys amarelos ...
Todo
o teatro é um muro branco de música
Por
onde um cão verde corre atrás de minha saudade
Da
minha infância, cavalo azul com um jockey amarelo...
E
dum lado para o outro, da direita para a esquerda,
Donde
há árvores e entre os ramos ao pé da copa
Com
orquestras a tocar música,
Para
onde há filas de bolas na loja onde a comprei
E
o homem da loja sorri entre as memórias da minha infância...
E
a música cessa como um muro que desaba,
A
bola rola pelo despenhadeiro dos meus sonhos interrompidos,
E
do alto dum cavalo azul, o maestro, jockey amarelo tornando-se preto,
Agradece,
pousando a batuta em cima da fuga dum muro,
E
curva-se, sorrindo, com uma bola branca em cima da cabeça,
Bola
branca que lhe desaparece pelas costas abaixo...
Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"
*
1916 – Nasce em V. N. Gaia, António Assunção Sampaio;
1932 – Colabora com outros jovens artistas na Exposição
Colonial Portuguesa;
1941 – Realiza no antigo salão “Silva Porto” a sua 1ª
exposição;
1942 – Participa juntamente com Augusto Gomes e outros
artistas na VII Missão Estética em Bragança;
1944 – Finaliza o Curso de Pintura na Escola Superior de
Belas-Artes do Porto, onde foi aluno bolseiro e Prémio “Rodrigues Soares”.
Ainda estudante fez parte do “Grupo dos Independentes”;
1948 – Em França frequenta a Escola de Belas Artes de
Paris, aprendendo a técnica de fresco sob a orientação de Duco de la Haix e as
academias “Grand Chaumière” e “Julien” e o Atlier do Pintor André Lothe.
Faz várias exposições individuais no país, na Inglaterra, nos
Estados Unidos e participa em quase todas as Bienais de Arte Moderna.
1954 – Funda juntamente com Jaime Isidoro a “Academia e
Galeria Domingos Alvarez”;
1954/55 – Orienta a Escola de Cerâmica de Viana do
Castelo;
Durante treze anos foi professor na Escola de Artes
Decorativas Soares dos Reis, no Porto.
Prémios:
1945 – “António Carneiro” 2º Prémio de aguarela na Exposição
dos Artistas Metropolitano em Angola, Medalhas da S. N. B. A.;
1952 – “Henrique Pousão” Menção Honrosa (cerâmica) 2ª
Exposição de “Arte Moderna” de Viana do Castelo. Medalha de prata no 1º Salão
do Algarve, entre outros;
Está representado no Museu Soares dos Reis, Museu Abade de
Baçal, Museu de Amarante, Museu da Guarda, Museu de Ovar, Turismo de
Matosinhos, e em várias colecções e galerias particulares portuguesas,
espanholas, francesas, holandesas, dinamarquesas, norueguesas,
norte-americanas, inglesas e brasileiras.
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