domingo, 23 de junho de 2013

FALAR DO PORTO

António-Lino*
serigrafia
45x45 cm
150,00€


FALAR DO PORTO

Ai se eu fosse pintor
De ti meu Porto, belo poema pintaria
Com tela, tinta, pincel e amor
A tua tão bela história, contaria

As tuas ruas estreitas, vielas e calçadas
Poetizava-as na minha tela
Com as casas desalinhadas
E sardinheiras, em cada janela

Vestia-te com novos jardins
Com cores alegres e vivas
Replantava as rosas e jasmins
Que usurparam das tuas avenidas

Dos Clérigos e da Sé
Vejo o teu belo casario
Uma parte da história que daqui se vê
Desde as escarpas até ao rio

E do alto dos Miradouros
De S. João e S. Catarina
Vêem-se os teus belos tesouros
Nobre e Leal Cidade, que é minha

Carinhosamente o Douro é afagado
Pelo Ribeira, Miragaia, Cantareira
Infindas histórias têm o teu passado
Tantas são, como as desta cidade tripeira

À tua cinzenta cor granítica
À bruma do teu alvorecer
Escreveria com tinta acrílica
Amo-te, mesmo depois de eu morrer

E para que ficasse imortalizado
Este meu Porto, que eu pintaria
Deixava-o para sempre expositado
Aqui… nesta Galeria

António D. Lima

*
«António Lino nasceu em Guimarães, mas sempre pugnou pelas origens maternas, manifestando sempre um enorme orgulho em ser filho de uma Transmontana. António Lino que faleceu em Dezembro de 1996, foi um dos mais ilustres Vimaranenses da sua época. Formou-se na Escola de Belas Artes e foi um artista no pleno sentido da palavra. Foi ele o autor dos mais famosos vitrais que ainda hoje podem admirar-se na Capela do Paço dos Duques de Bragança (em Guimarães), na Sé de Braga e no Tribunal Judicial de Guimarães. Foi professor universitário, grande pintor e escritor. Foi, por exemplo, o autor da Monografia de Guimarães (1984) que mereceu o Prémio Adelino Amaro da Costa e que ainda hoje é o mais apreciado documento monográfico sobre a cidade berço. Nessa monografia alude António Lino, às suas origens e escreve: "António Lino da Veiga Ferreira Pedras, nasci em Guimarães, em 9 de Março de 1914, de antiga Família Transmontana, filho de pai, oficial do exército e a mãe professora oficial". Aliás, este insigne Vimaranense que foi um Português do tamanho do Castelo de Guimarães que muitas vezes elegeu para motivo dos seus trabalhos pictóricos e que sempre quis ligar-se a Trás-os-Montes, razão porque aqui o tratamos, ao lado da mãe, escreveu na página 9 da sua Monografia uma comovente dedicatória que reza assim. A minha mãe, Beatriz de Jesus Pires da Veiga, 1880-1968, de muito antiga família Transmontana, teve uma longa vida de trabalhos e sacrifícios que suportou com nobreza e superior dignidade... Saudamos aqui a mãe e o filho, porque ambos merecem».


In I volume do Dicionário dos mais ilustres Trasmontanos e Alto Durienses

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