domingo, 23 de junho de 2013

O meu Alentejo

Molina*
serigrafia
20x22 cm
100,00€
O meu Alentejo

Meio-dia. O sol a prumo cai ardente,
Dourando tudo…ondeiam nos trigais
D´ouro fulvo, de leve…docemente…
As papoulas sangrentas, sensuais…

Andam asas no ar; e raparigas,
Flores desabrochadas em canteiros,
Mostram por entre o ouro das espigas
Os perfis delicados e trigueiros…

Tudo é tranquilo, e casto, e sonhador…
Olhando esta paisagem que é uma tela
De Deus, eu penso então: onde há pintor,

Onde há artista de saber profundo,
Que possa imaginar coisa mais bela,
Mais delicada e linda neste mundo?!

Florbela Espanca
Trocando olhares

*
1926-2002
Nascido em Espanha em 1926 cedo largou pelo mundo tendo vivido em vários locais da Europa e da América. No Brasil deu raizes à sua grande paixão – a Pintura. Aí estuda Belas-Artes e aí ganha elogios da crítica que o apontam como um pintor versátil. É o crescendo do pintor apaixonado entre o “figurativo arquitectónico” que devolve a verdade aos locais que pinta e o “abstracto marcante” pela força do cromático que impõe nas suas telas.
Trazido pelo destino, instala-se em Portugal na década de 60 onde permanece até à actualidade. Portugal torna-se o país que sempre procurou e que o realiza completamente como artista. A vertente de pintor figurativo torna-se mais marcante devido ao seu amor às terras portuguesas. Ninguém pintou mais Portugal do que ele, desde as pequenas aldeias até às grandes cidades, de norte a sul do país. Mantém viva a paixão pelo abstracto como forma de expressão máxima do seu interior de artista.
Em 2000 decide dar um novo fôlego à sua obra de pintor abstracto e quebrar com a imagem exclusiva do figurativo arquitectónico. Pouco conhecida do grande público, esta esteve reservada a coleccionadores. Assim que surge perante o público, a surpresa é tão grande como a aceitação. O mestre da arquitectura portuguesa levada à pintura revela-se naquilo que o fez brotar como grande pintor - a arte do cromático num desafio à própria imaginação. É difícil não ser seduzido por este jogo em que cada cor é como que explorada à exaustão nas suas mais diversas matizes.
Faleceu em Lisboa a 5 de Agosto de 2002 de forma inesperada sem ter tido a felicidade de estar presente na exposição que sempre ambicionou fazer. Viveu, no entanto, a profunda alegria dos três anos que lhe levou a prepará-la.
Realizou várias exposições desde 1980.

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